Ratos de Porão

Conversamos com o Juninho, baixista do Ratos de Porão desde 2003, sobre a cena punk no Brasil, a história do Ratos de Porão e, é claro, o show de hoje a noite aqui no Opinião. Confira:

A banda foi formada durante a explosão do movimento punk paulista, na década de 80. Como vocês veem e sentem esse cenário hoje em dia?

O cenário ainda existe, esse ano mesmo aconteceu o especial 30 anos do festival “O Começo do Fim do Mundo”, o festival punk que teve em 82, em São Paulo.Eles juntaram as bandas que ainda existem desde aquela época até hoje e também pegaram algumas outras bandas mais atuais que estão na ativa. Isso porque nem todas as bandas ainda existem, tem gente que até já morreu, outros viraram crentes. Mas tem bastante gente ainda fazendo coisa, e, querendo ou não, 30 anos é muito tempo.

Já tem previsão de lançamento de um novo álbum?

Temos um disco novo quase pronto, estamos compondo, mas eu acho que não vamos gravar esse ano ainda por problemas internos. A ideia é gravar em janeiro, bem no comecinho do ano que vem, e daí vamos torcer pra lançar o mais rápido possível.

Dez músicas já estão prontas, mas ainda não tocamos nenhuma delas ao vivo, não saiu em nenhum lugar, tem só a nossa gravação no estúdio onde a gente ensaia, só pra ter uma noção de como as músicas estão. Ainda não foi nada aberto para o público.

Vocês podem ser considerados a banda punk com o maior público de metal. A que você atribui essa mistura?

A banda começou no meio do punk e do hardcore, mas começou a rolar muita briga no meio do punk, problemas e tal, ir pouca gente aos shows. Aí o Gordo começou a frequentar show da galera do Sepultura e os caras começaram a ir pra uma pegada mais metal, fechar pra esse lado do metal. Desde então aconteceu a influência do metal, que acabou resultando nesse estilo do Ratos que é praticamente uma mistura da música raiz do Ratos da época – que era o punk – com o metal. O disco “Anarkophobia”, por exemplo, é um disco de metal, apesar de várias pegadas de punk e hardcore. Mas enfim, é isso que faz pegar também o público do metal.

Se você for classificar o som de vocês hoje, o que seria?

Hoje em dia as músicas novas que a gente faz são bem voltadas para o metal, mas como todos temos raízes de punk e hardocore, acabamos fazendo o metal ficar mais rápido, também um pouco mais pesado, ainda mais quando o João Gordo coloca a voz dele. Às vezes tem música nova que tá bem metal, aí quando o Gordo canta ela fica mais com cara de Ratos. Então a gente continua com essa mistura do que a gente gosta de tocar, e de ouvir.

Como você vê a cena punk no Brasil hoje?

Nós que somos do meio, que estamos ativos tocando no dia a dia, convivendo e trocando informações com outras bandas, sabemos que tem muita gente fazendo coisa legal. O que acontece  é que as pessoas que estão um pouco de fora, que não são muito do meio, falam “ah não tem nada, tá fraco”. Mas eu acho que se você se afasta desse meio é óbvio que as coisas vão chegar menos pra você. Porque é um tipo de música que não passa na TV, que não toca na rádio, quem gosta mesmo e tá interessado nesse meio, sabe que tem gente fazendo bastante coisa legal. Tem muita banda boa no país como os Cured Slavghter, de SP.

Repertório do show aqui no Opinião?

Vai ser uma coletânea de todos os discos, bem misturados, mas mais voltado para a parte do comecinho dos anos 90. Como a banda já tem 30 anos, acaba tornando várias músicas clássicas no meio da galera, e acabamos fazendo um show bem com cara de festa, meio que uma celebração de toda a história da banda.

Recado para os fãs e todos que vão presenciar o show?

Pra quem nunca viu o Ratos, vai ter uma noção de toda história e do que a gente tá fazendo hoje em dia. Pra quem já acompanha o Ratos e é fã – nós temos bastante fã aqui no sul -, chega lá que vai rolar muitos clássicos e som pesado, vai ser bem legal.