Eles não são do sul, mas se encaixam bem no rock gaúcho: Velhas Virgens

“O sul do país é mais roqueiro, é mais intenso” diz Paulão, o vocalista da Velhas Virgens. Em entrevista, o cantor falou sobre a cena independente de música – que a banda conhece bem há 25 anos -, sobre as bandas de rock da atualidade e um pouco do que podemos esperar da apresentação de quinta-feira, aqui na capital.

 

São 25 anos de estrada independente. Em nenhum momento quis trabalhar com uma gravadora?

A verdade é que foi muito mais o mercado que não nos quis, nunca houve interesse das gravadoras grandes, não foi porque nós recusássemos.

No terceiro disco concluímos que ou a gente teria que se bancar ou ia ter que parar, então continuamos como podíamos. E hoje não interessa mais pra gente, nós já conseguimos fazer as nossas coisas.

 

O que você está achando da cena rock neste momento? Qual é a ideia que você consegue ter sobre o que está acontecendo neste cenário?

As coisas são cíclicas, sempre. O rock’n roll esteve muito comercial no Brasil na década de 80, quando era muito forte a comercialização das gravadoras.

Agora acho que nos estamos em um momento em que o rock tá bem no underground. Quanto ao que está tocando no rádio, eu acho que poderia ser muito mais ousado, engraçado, agressivo, e não vejo isso com as bandas jovens que estão por aí. Essas bandas coloridas, emo – é natural que eu não goste delas, eu tenho 47 anos, eles têm metade da minha idade. Mas eu acho que falta um pouco de consistência no trabalho.

 

Entre as bandas independentes da atualidade, quais você destacaria?

Há boas bandas no underground. Em Porto Alegre mesmo tem o “Cartel da Cevada”, que é uma banda muito legal que eu conheço. Tem o “Movidos a Álcool”, uma banda de Salvador. No Mato Grosso tem o “Bando do Velho Jack”. Em São Paulo tem uma banda muito legal que é o “Saco de Ratos”. Em Minas Gerais tem uma molecada muito boa que se chama “Pleiades”.

A maioria das bandas que eu gosto, que não estão na mídia, já tem oito ou 10 anos de estrada, e continuam fora da mídia porque a mídia não está interessada nisso, ela quer ganhar dinheiro com o sertanejo, o tecnobrega.

 

Pra galera que está começando a fazer um som agora, o que você aconselharia?

Tá muito fácil gravar disco hoje. Você grava na garagem, grava ao vivo, no show, você grava com qualidade em qualquer canto. Quando a gente começou era muito difícil gravar alguma coisa. Você tinha que ir pro estúdio, e pra fazer uma música levava um dia inteiro. Pra fazer uma coisa vagabunda! Então eu acho que tem que aproveitar essa coisa da tecnologia e redes sociais pra crescer. Você tem muita facilidade pra fazer as coisas, elas podem acontecer muito rápido, você pode por um som na internet e em pouco tempo estar na televisão. Mas então acho que é preciso procurar uma consistência no trabalho, precisa ter um pouco de cultura pra escrever umas letras pelo menos bem feitinhas, com alguma referência da realidade ou criatividade para se manter.

 

Não é a primeira vez que vocês vêm a Porto Alegre. Em alguma dessas vezes deu tempo de aproveitar os bares da cidade? Tem alguma história para nos contar do que já tenha acontecido?

Dessa vez não vai dar tempo de nada, a gente vai chegar em Porto Alegre na quinta,  vai fazer o lançamento de disco, na sequência tem um evento de lançamento da cerveja. A gente sai de lá, passa no hotel, se troca e vai pro show no Opinião. A última vez que eu estive aí, ou penúltima, não lembro, fiz uma participação no clipe do “Cartel da Cevada”, e foi num bar próximo ao Opinião. Então fomos pra lá depois do show e gravamos as cenas do clipe.

A correria é grande, a gente não tem tido muito tempo de dar uma curtida na noite de Porto Alegre não, mas a gente tenta depois do show aproveitar pra encontrar os amigos.

 

Vocês já têm um público fiel aqui no Sul. O que você acha que explica esse sucesso?

O sul do país é menos tropical do que o nordeste e o resto do Brasil, então acho que o sul é mais roqueiro do que o norte e nordeste – não quer dizer que não tenha cena roqueira por lá -, mas acho que no sul do país é mais intenso.

E pela temática que a gente aborda de sexo e diversão, a gente se encaixa um pouco nesse perfil do roqueiro gaúcho. Teve gente que já disse que a gente era gaúcho pelo tipo de som que faz. E de repente essa semelhança tenha travado a parceria que temos com Porto Alegre, e que resultou no nosso DVD de 25 anos, que com certeza é o nosso melhor.

 

O que podemos esperar do show dia 23 de agosto?

A gente já fez esse show aí gravado, mas agora alteramos um pouco a apresentação. Não tocamos mais a parte acústica, estamos começando direto na parte elétrica, pegamos algumas músicas da parte acústica e passamos pra elétrica. Também vamos tocar uma música que já tocávamos há um tempo e que tínhamos parado e voltamos agora, que é “A Minha Vida é Rock’n Roll” do Made in Brazil.

 

Pode adiantar algumas músicas do setlist?

O setlist será baseado na parte elétrica do que gravamos no DVD. Tem a música nova “Eu Toco Rock”, também clássicos nossos do underground. Vai ser uma celebração dos 25 anos pra galera. Músicas que nunca tocaram no rádio, nunca foram apresentadas na Malhação e todo mundo conhece no nosso show.